22 de nov. de 2009

Menina mãe.

Bom dia meninas,

Hoje a Coluna Vida Real estréia seu novo dia aqui na Colcha de Retalhos, a partir de hoje seus encontros comigo e com a Nine serão aos domingios. Vamos falar de gravidez na adolescência. Já peço perdão porque o texto está um pouco longo, mas achei necessário e interessante compartilhar com vocês tudo que ouvi destas meninas

Os casos de gravidez na adolescência vêm crescendo a cada ano. Os dados do IBGE estimam que existam em torno de 700 mil casos por ano de adolescentes grávidas na faixa de 12 a 19 anos. Os motivos são muitos: a iniciação sexual cada vez mais precoce, a falta de informação e até de acesso aos métodos contraceptivos, a falta de maturidade para lidar com esta nova experiência. Os fatores de risco também existem, e são físicos e emocionais, pois a menina ainda não tem um corpo desenvolvido e preparado para ser mãe, e também menina e menino geralmente estão preparados para esta grande responsabilidade.
Uma das coisas fundamentais para estes adolescentes, é o apoio familiar, e dentre as minhas entrevistadas foi o que mais apareceu em suas falas. Hoje apresentamos histórias de duas meninas que estão vivenciando esta nova fase, de forma precoce, mas assim como percebi em suas falas, não com menos amor. Pois bem vamos às nossas mães e meninas:



Anna Gabrielle
Idade: 17 anos.
Localidade: Brasília - DF.
Profissão: Estudante .
Estado civil: Solteira .
28 semanas de gestação da Maria Luiza.

“Assim que a menstruação atrasou conversei com minha mãe e ela achou melhor ir ao Ginecologista.. uma gravidez agora não era o que sonhavam para minha vida, mas sabem que esse é um momento em que preciso muito de seu apoio”

Sobre a iniciação sexual:
Iniciei minha vida sexual aos 14 anos e engravidei aos 17. Minha gravidez não foi planejada, mas também não foi evitada. Acreditávamos naquela velha história “isso não vai acontecer com a gente” e por fim aconteceu. Eu conhecia todos os métodos anticoncepcionais e no meu caso não foi falta de instrução e sim falta de juízo. Usávamos apenas a camisinha e muito raramente. Não acreditava que poderia engravidar, conhecia os riscos, mas os ignorava por pura imaturidade. Assim que a menstruação atrasou conversei com minha mãe e ela achou melhor ir ao Ginecologista. Fomos e na consulta mesmo, sem exames nem nada, apenas com o “toque” que eles fazem na barriga o médico constatou a gravidez, já estava com 18 semanas.


A descoberta da gravidez:
No momento em que descobri a gravidez chorei, mas não de emoção e sim de tristeza. Tinha feito tantos planos para mim e filhos não estavam na lista. Mas logo percebi que não era o fim do mundo e sim um momento especial que Deus havia preparado para mim. Hoje procuro curtir cada momento da minha gestação e sou muito feliz com tudo o que estou vivendo. Minha filha foi um presente de Deus e não há nada que me faça mais completa do que saber de sua existência.

O pai do bebê:
Meu namorado é a pessoa quem mais me apóia no mundo. Namoramos já fazem quase 2 anos. Ele é muito companheiro e está comigo em todos os momentos, tanto os bons quanto os ruins. Ele tem 19 anos e assim como a mim ele não planejava ter filhos tão cedo. Demorou um pouco mais que eu para aceitar a idéia de ser pai, mas hoje já está todo babão e a Malu é a maior alegria de nossas vidas. .Até agora a maioria dos gastos com a gestação e o enxoval foram dele . Ele não se nega a nada quando a Maria Luiza é a questão.

Reação da família:
Graças a Deus tenho uma família maravilhosa que está ao meu lado em todos os momentos. É claro que uma gravidez agora não era o que sonhavam para minha vida, mas eles sabem que esse é um momento em que preciso muito de seu apoio e que uma criança é sempre uma benção divina, a Malu já é muito amada por todas que a cercam.

Cuidados com a gravidez e o parto:
Desde a descoberta faço meu pré-natal com o mesmo médico. Pretendo ter parto normal, porque acho mais humano e seguro também. Como minha gravidez é super tranqüila e não tenho complicações, é provável que consiga meu parto normal, é só esperar a Malu encaixar direitinho. Não vejo a hora de ver o rostinho de minha princesa. Tenho certeza de que será o momento mais emocionante de minha vida, estou contando os dias! Em relação ao meu corpo uso um óleo para evitar estrias e procuro me alimentar bem, mas isso não pela estética e sim por minha saúde e de minha filha, fora isso não tenho outros cuidados especiais.

Estudos e futuro:
Esse ano fiz o 1º ano do ensino médio. Meu parto está previsto para Janeiro, então em março pretendo voltar às aulas normalmente, pois estudarei pela parte da manhã. Meus planos continuam os mesmos de antes, quero terminar o ensino médio e fazer Comunicação Social na área publicitária. Sei que terei que trabalhar e me esforçar muito para isso, porque com um filho as coisas ficam mais difíceis, mas farei dela o motivo maior de garra para alcançar meus objetivos.

Condições emocionais e financeiras:
Quanto a condições financeiras minha família e a do meu namorado têm rendas estáveis, além disso, meu namorado trabalha e tem uma renda mensal que agora vai ser voltada toda para a Maria Luiza. Não teremos problemas em relação a isso. Mas quanto a condições emocionais penso que ainda não estou amadurecida por completo e procuro sempre crescer e me edificar a cada dia para conseguir ser uma mãe tão boa para minha filha quanto a minha foi para mim.


"As pessoas divulgam a gravidez na adolescência como se fosse uma doença ou algo assim, a fim de evitar que isso aconteça, mas esquecem que muitas meninas estão passando por aquilo naquele momento, fazendo com que nossos sentimentos sejam terríveis em relação a nossa própria gestação. Muitas acabam fazendo mal ao bebe ou até a si mesmo por falta de apoio da família ou da sociedade. Não sou a favor da gravidez na adolescência, mas também não sou a favor do preconceito. Com a minha gravidez estou aprendendo o valor de nossas ações e também a ter responsabilidades. Agora tem alguém que necessita de mim para existir e eu não posso ignorar isso. Aprendi o quão à palavra MÃE é especial e passei a dar mais valor naquela que me pôs no mundo, porque vou confessar... A tarefa não é nada fácil!"


Ana Cristina
Idade: 20 anos.
Localidade: Arraial do Cabo - RJ.
Profissão:Estudante.
Estado civil:solteira.
Está grávida de gêmeos.


“Se não fossem meus pais na minha vida não sei que seria dessa gravidez”



A iniciação sexual:
Iniciei a vida sexual aos 16 anos, e aos 20 engravidei. A gravidez não foi planejada. Estou fazendo meu pré-natal. Eu conhecia os métodos anticoncepcionais, mas nunca usei direito, às vezes esquecia.

A descoberta da gravidez:
Senti medo e felicidade. Comecei um tratamento psicológico porque não e fácil estar grávida de gêmeos, mesmo tendo o apoio dos pais fica difícil quando o parceiro te abandona. Pra mim foi muito difícil aceitar isso mas agora estou muito feliz.

.O pai do bebê:
Estávamos namorando, mas ele me abandonou, nunca mais o vi, ele disse que os filhos não eram dele, que eu era uma louca que eram de outro. Ele não nos dá assistência e não quer os filhos. .

Reação da família:
Minha família e tudo pra mim, meu apoio diante disso tudo. .

Cuidados com a gravidez e o parto:
Tive uma gestação complicada, mas estou me cuidando.

Estudos e futuro:
Não estou estudando, e os planos pro meu futuro só Deus sabe.

Condições emocionais e financeiras:
Não tinha e não tenho se não fosse meus pais na minha vida não sei que seria dessa gravidez. Para mim a maternidade e a coisa mais linda do mundo, mas quando a pessoa tem uma vida estruturada, e não quando depende dos pais para tudo. Botar um filho no mundo não e fácil ainda mais sem apoio do pai da criança.

"Deste momento fica a amadurecimento precoce e rápido de adolescente para mãe de gêmeos. Não e fácil estar grávida nova, mas nada, mas difícil do que estar sozinha nesse momento. Mas hoje eu aprendi a amar meus filhos e ver o mundo de uma maneira diferente como eu via antes de estar grávida hoje eu vejo o mundo pelos olhos dos meus filhos e vejo um mundo bem melhor. Mesmo estando sozinha, sei que eu sou capaz, e vou mostrar pra muitas pessoas que não acreditavam em mim".

Nas falas da Ana Gabrielle e da Ana Cristina, fica evidente o quanto o apoio e preparo da família é fundamental para a gestação de ambas, e isto em todos os aspectos, financeiro, físico, mas principalmente emocional.
.
Encontrei ambas em uma comunidade do orkut, a MAG – Mães Adolescentes Grávidas, e elas assim como muitas meninas se dispuseram e colaborar conosco. Não será possível publicarmos todas as entrevistas, mas na próxima semana a nossa colunista Nine dará continuidade com outros relatos, não percam!
.
Agradecemos de coração a todas as meninas, e muito em especial à Ana Gabrielle e da Ana Cristina, meninas queridas que tive o prazer de conversar e ver o quanto realmente amadureceram com tudo isto, e quanto amor dispensam aos seus bebes. A Ana Gabrielle me disse o seguinte: “Acho interessante que vocês queiram nossa opinião e experiência ... quando engravidei procurei muitas coisas a respeito sobre gravidez na adolescência e tudo que encontrava era artigos falando de coisas ruins sobre o assunto , dos riscos , das perdas”

Fica aqui o apoio e carinho a estas meninas, agora também mulheres e mães. Quero dizer que não faço apologia à gravidez precoce, mas que carinho é o suficiente quando esta não foi evitada.


Um abraço a todas...



Quer saber mais? Clica em:
Colcha de Retalhos: Maternidade: por Dina.
Comunidade MAG.

(Fontes: IBGE; Fotos: Arquivo pessoal das entrevistadas)

24 Comentários:

Viaje na Leitura disse...

Nossa amiga fiquei impressionada com estas histórias reais,a gente sempre esquece que ainda falta muita informação sobre esse assunto!

Juh Sutti disse...

Infelizmente temos o péssimo habito de achar que com a gente não vai acontecer. E quando menos se espera acontece, sorte dessas garotas terem uma familia com quem contar!
Adorei o post
Bjus Rô.

Regiane Modesto disse...

Ser mãe não é nada fácil, ainda mais quando a gravidez não é planejada e se tem que abrir mão da adolescência para gerar uma vida.

Não julgo, mas acho que se cuidar é fundamental.

Parabéns flor,

Sueli Oliveira disse...

É uma realidade triste no nosso país, eu trabalho na educação e aqui na minha região e o que tem aparecido de menores grávidas... é um absurdo... e a maioria não tem noção de nada, porisso temos mesmo que bater na tecla da informação: palestras, conscientização, pra ver se mudamos está estatística, bjos e parabéns pela matéria, já salvei e vou levar pra escola pra divulgar por lá, bjos

Unknown disse...

Olá, sou membro da Mag, também mãe na adolescencia, e gostaria de de dizer que adorei a sua iniciativa, de conscientizar sem ofender, sem agredir, como é o costume da sociedade.
Obrigada pelo carinho que dedicou a todas nós!
Beijos
Naty (mamãe do Miguel e do Arthur)

Gleicy disse...

Nossa, muito linda essa matéria, estão de parabens meninas!
Tb acho que engravidar na adolescencia não é de nada ideal, mas se aconteceu, não adianta lamentar, e sim ter mais força para os obstáculos e alegrias que estão por vir!

Beijos

Personality Criações disse...

Faz um tempinho (uns 02 anos no máximo, tá? rs) que não sou mais adolescente, tenho um relacionamento estável e nem assim me sinto preparada para um baby, portanto, tiro o chapeu para essas meninas que enfrentaram e continuam enfrentando tudo e todos pelos seus babys!
Rô, mas uma vez arrasou no post, né?
Bjks

Taís Santama disse...

ai Dina,achei a materia bem legal heim.. acho importantefalarmos disso.. apoucotempo passei por umsustinho basicoamenstruação semprepontual atrasou uma semana..eeu jáestava louca..meu noivo jáestava curtindo aideia deserpapai,maseunão,nemme sintoprontopraisso..fizumteste e deu negativo...nomeu casoacho que preciso me sentir + preparae quero estar emum momento em que eu possa curtir só isso..nada embolado com casamento, nem facul..quero que seja um momento unico e que eu posso mediar pra ele 100 % ...bjus

Mayra disse...

Como professora, posso dizer o seguinte.

Essas crianças de hj, tem a sexualidade aflorada de tal forma, q não conhecem o próprio corpo, para elas o status de não virgem ou de muuito experientes, é o q vale!!

Por isso, não só eu em sala de aula, é que temos que ter uma postura séria em relação a isso.

Por exemplo, sempre respondo todas as perguntas q me fazem e dá forma mais direta, com a linguagem deles mesmo!

E quando perguntam algo sobre mim, respondo da forma mais careta, q é pra eles verem que é algo sério, digo q filho só depois de casar, q tenho muito a fazer primeiro, ....

o q não podemos é achar q gravidez na adolescência é normal e não fazer nada a respeito!

.a nega do neguinho. disse...

Bato palmas literalmente pra todas que enfrentam esse momento de uma forma unica!


tenho amigas que não aguentaram, fizeram o impensável e hje se arrependem amargamente!
:(

Anônimo disse...

Adorei a máteria meninas...super interessante mesmo.
Isso pode não ter acontecido com a gente mais pode acontecer com um parente ou no futuro com uma filha nossa.
Eu nunca tinha visto o depoimento de uma adolescente grávida e achei muito interessante.
Com certeza o apoio da familia é fundamental.
Mais pode acontecer da familia não aceitar o colocar e garota pra fora de casa,pois isso aconteceu com uma amiga minha ha uns 8 anos atrás,ela engravidou do primo,e o primo nunca assumiu apesar da menina ser a cara dele.Hj minha amiga casou e já teve + um menino,e vive muito bem.UFA!!!
Melhor mesmo é evitar mais se o inevitável acontecer,nunca tome uma decisão precipitada e nunca tente abortar o bebê...pois a vida está em primeiro lugar.
Parabéns pelo post.

Aline Vicentin disse...

Miga....
Arrasou na matéria heim?
Terei o maior prazer de dar continuidade a esse tema tão lindo e ao mesmo tempo polemico....
Emocionante as histórias dessas meninas e uma lição de vida né?
Bjão querida e mais uma vez, parabéns!!!

Viaje na Leitura disse...

Amiga esqueci de dizer que me casei com 16 anos e engravidei com 17 e meio,mas uma gravidez planejada e querida,atualmente tenho 23 anos,estudei,e agora tenho um baby de quase 5 meses e um garotinho de 5 anos,e amo minha familia,mas entendo o que quis passar com seu post,beijosss

Tati disse...

Rô do ceu, q materia mais linda .. muito bem feita .. adorei ...
COmo deve ser dificil ter filhos nessa idade né .. apesar q ultimamente penso q quanto mais velha a gente vai ficando mais medo temos kkk

Adorei !!

Parabens viu ?!

Poliana Canha disse...

Linda matéria Rô. Abordou um assunto polemico com muito carinho.
Parabéns flor!

Tata disse...

Bom falta de informação... não acho q seja isso não.. as duas meninas mesmo relataram q informação tinham oque não tinham é juízo... graças a Deus elas têm gestações tranquilas com o apoio da família.. oque em vezes não acontece... e têm que se tomar cuidado com as relações, atos e palavras, pois depois q o bebê nasce, haverá (isso é fato) divergências nas opiniões e vontades, como criação, estudos das mães e a continuidade da vida social delas (baladas etc...) que geralmente causam muitos confitos na família... são situações muito delicadas que tem que ser "ajeitadas" desde antes do nascimento.... bjs e parabéns Ro pelo post...

Gabi Rosaneli disse...

Gente... como assim ignorar os meios contraceptivos?
Eu acho que o pior é quando o pai abandona, deve ser triste demais, pois são muitas emoções para se administrar ao mesmo tempo né?

Esther e Gui disse...

PREVINIR É O MELHOR REMEDIO....ADOREI A MATERIA!! BJUS

Thania disse...

RO , EU AMEI A REPORTAGEM...AMEI MESMO.
NAO PUDE COMENTAR ANTES PQ ESTAVA SEM NET EM CASA NO FDS.
MAS EU ADOREI A REPORTAGEM....MESMO.
PERFEITA!

BEIJOOOOS

Fatinha disse...

Arrasou amigaaaaaa
ficou otimooo!!!
adorei!!!

parabens!!
bjus

Marta disse...

Realmente deve ser um momento muito delicado e o apoio da família é fundamental!

Beijocas

Letticiae Bittencourt disse...

Acho que depois que o filho nasce, as coisas ficam muito mais difíceis para as mamães precoces... A gravidez fora de hora é só o começo de uma série de complicações maiores que ainda virão...

May =) disse...

Rô simplismente vc arrazouu...
nossa eu fico me perguntando!
Uma criança de 14 anos... fazendo sexo?!
sei lá não me cabe na cabeça.. para mim sexo é coisa de adulto e não de criança.. fico triste quando uma menina de 14-18 anos fica gravida.. e quando mais não trabalha.. não é casada...
gent é tudo mais dificil..
precisa ser consciente.. e nessa hora se a familia não apoiar é tudo tão complicado.. que só Deus..
bem.. ameiii bjsss

Simpatiquinha e Simpatiquinho disse...

Não consigo me imaginar enfrentando essa barra! as meninas são guerreiras por passar pela dificuldade, serem felizes e ainda ajudarem outras pessoas com seus depoimentos!

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