16 de jun. de 2010

Ajuda no pós parto. De quem nós precisamos?

Ajuda durante a gravidez e o pós-parto

Construir uma rede de sobrevivência desde os primeiros dias do seu filho até os anos seguintes, além de saudável, é essencial

André Spinola e Castro

Você pode não acreditar, mas nos primeiros dias depois do nascimento talvez não consiga fazer nada além de comer, dormir e amamentar. Um pequeno grupo de pessoas à mão faz tudo parecer mais fácil. "Uma mãe sozinha no pós-parto não funciona. Ela precisa de outras pessoas", diz Vera Iaconelli, coordenadora da Gerar - Escola de Pais, de São Paulo. "Historicamente a maternidade sempre foi mais coletiva do que individual. As comunidades se mobilizavam quando um bebê nascia", afirma Silvia Pinheiro Machado, psicóloga do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp), de São Paulo. Ainda na gestação, enquanto você tem tempo e o bebê é um feto, imagine a rotina que terá e as pessoas e os serviços necessários para dar conta desse cotidiano. Aqui mostramos alguns personagens-chaves, desde os óbvios, como o obstetra, até alguns impensáveis, como a mulher do zelador, a ser recrutados para cuidar de você.

O trabalho da doula vai além disso. Ela esclarece dúvidas sobre cuidados com os pontos da cesárea e até a relação sexual. Ainda, se dispõe a ninar o bebê, dando à mãe mais tempo para comer, tomar banho e até tirar uma soneca. É uma ajuda necessária e que não tira o poder materno. "Digo que estou lá para cuidar dela também", diz Ana Paula Garbúlio, doula pós-parto. É uma ajuda crucial nesse início de vida. Há muitos detalhes a ser aprendidos e durante a gestação ninguém dá atenção a eles. As doulas pós-parto e as consultoras são encontradas em sites e através de obstetras e pediatras com os quais trabalham em parceria.
A farmacêutica Mônica Duque dos Santos pesquisou sobre parto, amamentação. Buscou um pediatra especializado em aleitamento exclusivo. Ouviu as amigas experientes. Pediu a companhia da mãe por 40 dias e solicitou o marido, Américo, quantas vezes foram necessárias. E manteve a empregada. Apesar de toda essa network, admite, foi muito difícil. Mãe, marido, avó se revezavam nos cuidados com Bruno. Ainda assim, no final do dia estavam todos estavam exaustos. "Não sou orgulhosa. Procurei apoio porque sabia que não daria conta. Sozinha, acho que teria enlouquecido", diz ela.
O apoio incondicional da mãe de Mônica foi essencial, mesmo porque no início do pós-parto nem sempre é fácil encontrar outras mães. O esforço em vê-las, porém, vale a pena. Pode fazer toda diferença. Você sai de dentro de casa. Esses passeios a fazem sentir como um ser humano de novo e não apenas uma competente máquina de amamentar. Esses grupos, muitas vezes, surgem informalmente em parquinhos ou pracinhas. As mães virtuais oferecem um jeito mais conveniente de se fazer contato. Os blogs maternos crescem na rede. Mônica participava de uma lista de discussão de gestantes na internet. Depois que o Bruno nasceu sentiu falta de conversar sobre as dúvidas que se avolumam no pós-parto. Por sorte, uma amiga dela sentiu a mesma dificuldade e fundou um grupo de discussão.
Novos atores
A rede de sobrevivência começa na gestação e nunca mais se fecha. Novos membros surgem porque as necessidades mudam. Vizinhos, por exemplo, podem ser essenciais. Conhecê-los é importante. É possível que você necessite de uma mão e será muito mais fácil pedir a ajuda de uma pessoa com quem já estabeleceu amizade. Vizinhos com filhos, então, nem se fala, pois podem até ficar com o seu em um momento de emergência. A mulher do zelador, por exemplo, pode ser uma ótima baby-sitter para o sábado à noite.
Um motorista também é capaz de se agregar a essa network. Foi por acaso e por necessidade que Beatriz Elia descobriu seu João. Ele é um taxista. Trabalha na rua onde ela mora há mais de 20 anos. Foi apenas depois do nascimento dos filhos (Beatriz é mãe da Juliana 21, Felipe, 20, e dos gêmeos Beatriz e Alexandre, 15 anos) que ela passou a utilizar os serviços do taxista. "Quando não tinha quem levasse as crianças para o clube, a babá chamava o seu João", conta ela. Os meninos cresceram. As babás se tornaram desnecessárias. Mas seu João ficou. "Confio muito nele. Sempre foi correto. Hoje é uma espécie de motorista 'particular' da gente", diz Bia, brincando.
Colaboradores - Empregadas, faxineiras, babás
Muitas mulheres descobrem que contratar uma pessoa que dê conta do serviço da casa é a chave para manter a vida da família minimamente em ordem. Empregadas ou faxineiras são o braço direito das mulheres. Ninguém discorda disso. Após o nascimento, elas continuarão essenciais. Além de manter a casa em ordem, podem ir ao supermercado, à feira e ao açougue. Se você ou seu marido comandam essas funções, pensem em delegá-las, mesmo que temporariamente. A faxineira semanal pode passar a vir mais dias na semana, por exemplo. A idéia de a empregada comprar o pão não lhe agrada? A internet é uma saída razoável. Dá para fazer supermercado, farmácia, tudo online, e ainda encontrar cozinheiras - aquelas que vão à casa, cozinham e congelam as refeições enquanto você fica com o bebê. A contratação de uma empregada deve ser feita ainda na gravidez. Assim como a babá, se você deseja ter uma. Comece a procurar por volta do oitavo mês de gestação. Dessa forma, você terá um mês para selecionar, contratar e conviver com ela antes do nascimento. "Nesse tempo, a profissional será observada sobre como se comporta numa rotina que essa mãe imagina", diz Márcia Coelho Medeiros, psicóloga e coordenadora da Kanguruh Baby Care, de São Paulo.

As experientes - Mães, novas, velhas e virtuais
Pode soar óbvio, mas ninguém consegue entender e ajudar você a entender de maternidade mais do que outra mãe. Considere-se afortunada se tiver pessoas experientes em seu universo - mães, irmãs, cunhadas, amigas. "Hoje é muito comum encontrar jovens pais que nunca tiveram contato com outras crianças num passado recente. O primeiro bebê que eles vêem é o filho", diz Honorina de Almeida, pediatra, professora-doutora do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo. A falta desse contato com o universo infantil é superada com leitura, informação, participação de grupos de gestantes. Tudo isso é ótimo. Só que o bebê não sai de dentro de um manual. Nem vem com um, acoplado nas costas. Outros problemas, além da amamentação, também surgem nos primeiros dias de pós-parto. E as respostas, na maioria dos casos, não estão nos livros. Vêm de uma mãe experiente. Ela vai entendê-la até porque fala o mesmo idioma.

Consultora de amamentação e doula pós-parto
Ainda bem que essas profissionais existem. Elas vão até sua casa, ficam quanto precisar, ensinam cuidados básicos com o nenê, como o banho, a limpeza do coto umbilical e, principalmente, orientam sobre a amamentação. "Já fiquei cinco horas com uma mãe de gêmeos", diz Márcia Koiffman, 39 anos, enfermeira obstétrica e consultora de amamentação. Esse é um dos grandes nós a ser desatados bem no início do pós-parto. Os seios ingurgitam, fissuram, o bebê chora demais porque mama de menos.

O pediatra
Ele é o primeiro profissional que vai ajudá-la com o bebê. Como chegar a ele? Na maioria das vezes, por indicação. Amigas, familiares ou o seu obstetra são as pessoas que dão informações confiáveis sobre ele. Reserve o último trimestre da gestação para procurá-lo. Conversar com vários, mesmo que pelo telefone, ajuda a fazer comparações, perceber o estilo de cada um: se é disponível, simpático, prático, se faz o estilo paizão. Se é moderno ou conservador. Há até aqueles que visitam em casa. Escolher o médico antes não é garantia de sucesso - pode ser que depois de algumas consultas, já com o bebê, você descubra que gostaria de outro perfil. Mas a tranqüilidade de já ter para quem ligar no primeiro dia do bebê em casa não tem preço.

Os obstetras
Deveriam cuidar da saúde global de suas pacientes, e isso inclui o emocional e o psicológico. Muitos se restringem, nas consultas de retorno, a olhar a mulher do pescoço para baixo: seios, pontos, períneo. "O obstetra deveria escutar essa nova mãe e ser o primeiro da rede a detectar se algo está indo mal", diz Vera Iaconelli. Prepare-se para questioná-lo sobre tudo, dos gases às lágrimas que podem ser derramadas tão facilmente.


Dina
(Fonte: Crescer)

3 Comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Acho o apoio pós parto fundamental na vida de uma mãe, sentimos uma mistura de sentimentos e não sabemos lidar com o bebê direito. Eu tive Baby Blues postei a poucos dias no meu blog meu depoimento após um ano do acontecido!! E tbm falei um pouco mais sobre o assunto em outro Blog que participo. Acho muito importante que este assunto esteja cada vez maios ativo nas conversas uma vez que ele acomete muitas mulheres e se não tratado pode vir a se tornar um DPP.
Belo Post. Bjs

Karina disse...

Não sou mãe ainda!!! Mas foi ótimo ler essa reportagem, mto me ajudou... Valeu Dina...

Bjos

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